07 de setembro de 2020 • 3 min de leitura
Luva 4.0 - Fusão de Tecnologia e Arte
Tornando a arte mais acessível através da tecnologia vestível
Introdução
Você já foi à uma exposição de arte? Se sim, você já conseguiu tocar em uma obra de arte? Provavelmente não.
Até aqui, você usou o sentido da visão para poder ter essa experiência.
Agora vamos tentar nos colocar no lugar de uma pessoa dentre as mais de 6,5 milhões que possuem algum tipo de deficiência visual no Brasil (Censo de 2010 do IBGE).
Como é uma exposição de arte para elas? Qual é a experiência que elas tem? Como podemos oferecer a melhor experiência possível?
É aí que entra em cena a artista plástica Lenora Rosenfield, que desenvolveu a técnica de "afresco sintético" que permite que as obras criadas a partir dessa técnica possam ser exploradas pelo tato.
Agora com obras táteis, como é possível melhorar a experiência da pessoa com deficiência visual para que ela possa aproveitar o máximo possível da exposição?
Motivação
Com esse contexto, a Lenora entrou em contato com a ThoughtWorks no escritório de Porto Alegre propondo o uso de tecnologia para tentar resolver esse problema e apresentá-lo na exposição O Relevo durante a Bienal do Mercosul, ocorrida em 2018.
As pessoas no time para desenvolver o projeto eram: eu e a querida Desiree Santos.
Juntos começamos a idear a solução.
Ideia inicial
A primeira ideia foi usar sensores de vibração espalhados pelas camadas da obra, onde cada cor seria representada por uma intensidade de vibração.
O problema desta ideia é que iria atrapalhar todo o processo de criação das obras pela artista. Além disso, a manutenção dos sensores seria muito custosa já que seria necessário desmanchar a obra de arte para reparar os sensores e remontá-la depois.
Por conta disso, a ideia foi descartada.
Após um tempo de reflexão levando em consideração o processo de criação das obras e manutenibilidade dos componentes de hardware, foi decidido que a solução deveria ser usada pela pessoa usuária e daí veio a ideia de ser uma solução vestível.
Aproveitando-se da capacidade tátil das obras, optamos por criar uma luva que faria a tradução das cores presentes nas obras e conversão delas para som.
Protótipo
Com a ideia de criar uma luva para a pessoa usuária, usamos um sensor de cor da marca Flora junto de um Lilypad MP3, que pode ser considerada uma versão vestível do Arduino. Esse tipo de Lilypad possui a capacidade de reproduzir sons.
Para conectar o sensor ao Lilypad MP3 utilizamos linha condutiva, que nada mais é que uma linha de costura que conduz eletricidade.
Com isso, conseguimos chegar no protótipo que foi utilizado durante a exposição, que pode você conferir na imagem abaixo.
Desafios
Um dos maiores desafios foi a manutenção da luva durante o tempo que a exposição durou (aproximadamente 2 meses). Algumas vezes a costura da luva rasgava e isso danificava a linha condutiva utilizada, inutilizando a luva.
Conclusão
Este foi de longe o projeto que mais tive orgulho de participar e vi o impacto positivo que a tecnologia pode ter na vida das pessoas.
Mesmo que o projeto tenha durado apenas 2 meses, as pessoas conseguiram ser impactadas e conseguiram ser inseridas em um espaço excludente como uma exposição de arte.
E o meu grande agradecimento à Desiree por ser a pessoa maravilhosa que é. Você é demais :)
Fontes
Projeto divulgado na mídia:
- Matéria divulgada na página da ThoughtWorks.
- Matéria divulgada na página da Gaúcha ZH no dia 5 de março de 2018.
- Matéria divulgada na página da Globo Play.
- Matéria divulgada na página da RBS TV.